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WRWR: motociclistas fazem revezamento pelo mundo

Por Gabi Hoover


Um belo dia de fevereiro, em 2019, Giovanna Couto estava lá na sua, inocentemente navegando pela internet. Distraída entre posts sobre viagens, motocicletas e moda, algo lhe chamou atenção.



“WRWR’. Eu não sabia o que era aquilo. Mas fui olhando, tentando entender, arranhando com o meu inglês… e, ai resolvi mandar uma mensagem”.


Mal sabia Giovanna que, naquele momento, ela colocava o Brasil na rota de um dos projetos mais ambiciosos do motociclismo feminino: o Women Riders World Relay - WRWR -, que em português se traduz para “Revezamento Mundial entre Mulheres Motociclistas”.

Como o nome sugere, o evento foi um grande passeio de moto pelo mundo, em um esquema de revezamento de bastão entre as mulheres participantes. O WRWR foi criado pela inglesa Hayley Bell, com o objetivo de chamar a atenção da indústria de esportes motores para as necessidades e as demandas específicas do mercado feminino.


Passaram-se meses até que Giovanna recebesse novas mensagens sobre o passeio. Depois de aquela mensagem, que ela mandou lá no começo, ter rodado a organização do evento.

“De repente, eu era a Embaixadora do WRWR no Brasil por indicação da Embaixadora do WRWR na Suíça, a Nina, que fala português. Estávamos o tempo todo trocando mensagens”, conta Giovanna.

Assim, estava dada a largada para que o WRWR tivesse em seu trajeto o Brasil. Agora, Giovanna precisava divulgar a mensagem do passeio, e envolver o maior numero de motociclistas possível.


Diretamente de Criciúma, em Santa Catarina, Giovanna (na foto ao lado com o bastão do WRWR), com o apoio de outras duas irmãs de estrada, a Sandra Beccaro, em São Paulo, e a Alice Castro, de Brasília, começou planejar rota, paradas, patrocinadores, apoio, e toda a logística de um evento acontecendo em línguas e culturas tão diferentes.

WRWR

O bastão do Women Riders World Relay continha um pergaminho, que foi assinado pelas participantes, em todas as paradas do mundo.

“Para assinar o pergaminho, era preciso se registrar como Guardiã junto à organização do evento”, explicou Giovanna. “Somente as pessoas registradas, aquelas que pagaram a inscrição, assinaram o pergaminho. Mas sabemos que muito mais gente participou do passeio”.

Giovanna contou também que, embora o WRWR tenha como objetivo chamar atenção da indústria para o público feminino, o evento não era restrito apenas às mulheres.

“Para ser Guardiã não é preciso ser piloto. Tivemos uma garupa, registrada como guardiã, que levou o bastão em um trecho do roteiro”, lembrou.

No Brasil, o trajeto do WRWR passou pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, de onde seguiu para a África do Sul.

Para chegar à América do Sul, o bastão foi transportado via aérea entre o Panamá e a Colômbia, tendo em vista a crise na Venezuela. Outros países que participaram do revezamento na América do Sul foram: Equador, Peru, Chile, Uruguai, Paraguai, e Argentina. A Bolívia, que precisou deixar o revezamento também devido a crise política, foi representada por uma bandeira dentro do bastão.


“O trajeto foi organizado de acordo com o tempo que nos foi disponibilizado pela organização do WRWR, e de acordo com a fronteira pela qual o bastão entraria no Brasil”,

esclareceu Giovanna. Ela conta, que o bastão chegou ao Brasil via fronteira com o Uruguai, mas que ainda deveria passar pelo Paraguai, antes de seguir para São Paulo, de onde teria como destino a África do Sul.

“Gostariamos de ter incluído muitos outros estados, mas não foi possível dessa vez. As inscrições foram realizadas de acordo com o roteiro estabelecido. Cada guardiã pode escolher o trecho, ou perna, que quisesse fazer”.

Cerca de 120 motociclistas brasileiras se revezaram no transporte do bastão. Número que, de acordo com a Embaixadora Brasileira do WRWR, poderia ter sido maior caso se tivessem tido mais tempo para planejar e organizar o passeio.




Responsabilidade Social

Agora, quase um ano depois do passeio internacional, a organização do WRWR contatou suas Embaixadoras para avisar que parte dos fundos arrecadados com as inscrições, retornaria aos seus destinos para serem doados à uma iniciativa de cunho social.

“Foi uma surpresa, porque a gente não sabia que teria esse retorno. O valor será dividido equitativamente entre todos os países participantes”, explicou Giovanna.

A experiência

Embora tenha sido cansativo e, por vezes, bem estressante coordenar uma iniciativa desta complexidade, Giovanna só guardou boas memórias.

“Acho que a parte mais difícil foi divulgar e envolver as pessoas no início. Porque muita gente não acreditava no projeto, ou então não entendiam do que se tratava. No final, surpreendemos.”

Ela ainda espera que nas próximas edições o envolvimento de motociclistas seja ainda maior.

“Mais mulheres, mais motos, uma diversidade de cilindradas.”

Por conta da pandemia, o WRWR ainda não tem perspectivas de novas edições. Mas a gente aqui no #ElasPIlotam vai ficar de olho.

Pra acompanhar o que está acontecendo no Brasil e no mundo siga os perfis:

E se você quiser conhecer mais sobre a Giovanna Couto, confere o perfil dela @giovanna_sct .

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