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Felizmente esse movimento existe

Por Gabi Hoover


Não consigo te dizer exatamente quantas vezes comecei e apaguei esse texto. Quero tocar em um assunto delicado que, de uma forma ou outra, já deve ter cruzado a estrada da maioria de nós: assédio.


O problema é que eu não sei como falar sobre assédio sem passar por um monte de aspectos que vão de temas culturais até um simples almoço em família. Não sei como falar sobre as cicatrizes e consequências, porque acredito que cada uma de nós passa pelo assédio de um jeito, o que me faz voltar às nossas raizes culturais e às nossas experiências e percepção de mundo pra pontuar o quanto é difícil falar sobre assédio.


Mas, seja difícil ou não, a gente tem que falar sobre isso. A gente precisa falar sobre isso. A gente já passou da hora de falar sobre isso. Precisamos falar sobre assédio igual falamos sobre futebol, sobre filme na Netflix, sobre o que vamos fazer na nossa moto. Precisamos falar sobre assédio na mesa de jantar, no balcão do bar, na oficina, nas salas de aula e dos professores, no escritório, na diretoria, na piscina, na praia, e na padaria.


É preciso falar sobre assédio, sobre limites, sobre consenso. Precisamos voltar a ter bom senso.


Eu não estou aqui pra levantar nenhuma bandeira que não seja a da educação. Por que, convenhamos, que tipo de educação, por exemplo, tem uma pessoa que considera normal cinco caras atacarem, ao mesmo tempo, uma mulher inconsciente? Que nojo desses caras.


Está errado. Não importa se ela estava bêbada, chapada, alucinada, transtornada, obcecada, apaixonada… Se ela não estava consciente, se ela disse não. Não era, é, e sempre será não!


Infelizmente só dizer “não”, ainda, não basta. E é por isso que temos que falar sobre assédio. Normatizar essa conversa. Precisamos entender que não é OK esta cultura da “conversa de homem”, da “coisa de homem”, do “homem é assim mesmo”. Nunca foi OK. E, agora, o mundo mudou.


Eis aí um bom dilema das redes (sim estou fazendo referéncia ao documentário, que ainda não tenho uma opinião formada sobre). As mesmas redes que consagram ídolos, também derrubam muros, portas, e escudos. Aproximam as pessoas, as idéias e os ideais. Nos enchem de paranóias, mas também nos ajudam a encontrar iguais, pessoas que tem o que dizer, e que passaram por momentos como os nossos. As redes funcionam como um amplificador para nossas vozes - pro bem ou pro mal. E nesse aspecto, são fundamentais nessa mudança, e para esse debate.


Essa conversa é dolorida e, por vezes muito difícil, cheia de aspectos a serem considerados. Por isso ela não para aqui. Essa é uma conversa que faz parte desse movimento, que é um movimento humano, e por isso sem parada. Ainda bem!



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