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A HERANÇA DO MOTOCICLISMO FAMÍLIA

O ano era 99. É certo que criança pequena não costuma lembrar das coisas depois que cresce, mas alguns momentos ficam gravados para sempre.

A rua era silenciosa, bosque de um lado, casas do outro. No fim, uma escola de ensino fundamental. O toque do sinal finalizando o horário de aula poderia ser alto, mas não era tão marcante quanto o ronco dela. Roxa, customizada, pintada a mão, com escape original. Uma acelerada bastava para saber que ela estava lá, inconfundível.


O piloto, uma das minhas pessoas favoritas: meu pai. O costume de buscar eu e minha irmã gêmea no colégio teve início neste ano. A briga era pela garupa. Quem ia de Shadow? Quem ia com o doido do tio de CBR 1000? A minha escolha era sempre a “monstra”.

Após anos completei 18 e a carta que eu queria era A. Passei de primeira e só queria saber de duas rodas. Frio, chuva, tempo instável de Curitiba nunca preocuparam. Caí algumas vezes, parada, andando e, muitas vezes, por desatenção.

Tudo se tornou aprendizado e experiência conquistados na “Abelhuda”, uma Sky110 da Traxx. Depois veio a “Gertrude”, uma Intruder 125 que me deu rodagem por Curitiba, em corredor, trânsito caótico e quase acidentes.

Veio então a possibilidade de pilotar uma moto maior e era ela: A “Monstra”! Uma relíquia cheia de valor sentimental. Era enorme, pesava quase 300 quilos e isso me assustava. Fui adiante, era ela que me faria piloto.

Peguei, caí, levei fechada, derrapei, deslizei, mas aprendi. Aprendi que quanto maior a moto, maior a responsabilidade.

Moto não é só acelerar e sair por aí. Moto requer cuidar de si e dos outros. Olhar e saber que a direção defensiva vai salvar você mais do que qualquer “ABS”, mais do que qualquer “mata-cachorro”. Nessa conexão com a “monstra” eu me tornei piloto. Aprendi a resolver os problemas na rua sozinha, na estrada também. Quem tem moto antiga sabe que os “perrengues” aparecem nas piores horas, mas enfim, considero que com isso ganhei mais experiências do que cicatrizes.

Na foto, segunda competição de Marcha Lenta que participei no Rancho Favorito, na categoria geral.


E, finalmente, depois de pilotar durante 6 anos sozinha, viajando sozinha e seguindo sozinha, encontrei boas pessoas no motociclismo. Foi aí que eu decidi me desafiar. Foi em uma brincadeira que entrei pra uma marcha lenta (competição de baixa velocidade) e peguei dois troféus, um deles deixando uma galera pra trás. Ganhei mais amigos, conhecidos, pessoas que são boas e com o espirito livre do motociclismo.

E decidi que o universo das motos deveria ganhar mais notoriedade e criei o Let’s Ride.

Programa de rádio que foi vencedor de um concurso dentro do GRPCOM e foi ao ar na Rádio Mundo Livre FM, de Curitiba. Foi um espetáculo e me mostrou a dimensão que a paixão pela moto iria tomar dentro da minha vida. Aliás quem quiser ouvir o programa só clicar aqui.


Segui em frente, ajudando quem eu podia, mas aprendendo mais ainda. Aprendi um pouquinho só da moto habilidade (agradecimento especial ao Gabriel Thomas da SafeRider que tirou meu medo de curva e ainda me deu habilidades especiais) e, sem Harley, sou uma das poucas que faz isso em Curitiba.


Com toda essa história o que eu realmente gosto de transmitir para os outros é a empatia. É o ajudar sem nada em troca, é o fortalecer aquelas mulheres que tem medo da moto e estão dispostas a aprender a dominá-la.

Acho que quando a gente não julga o outro e estende a mão, mostramos o que de melhor temos a oferecer e quando não fazemos isso, falhamos miseravelmente com nosso egoísmo.


Andar de moto pra mim é simples, é união, parceria, tranquilidade, felicidade e LIBERDADE!

É o motociclismo família, todos juntos, independente de marca, cilindrada ou o quanto roda ou não roda.

Meu lema é: "Eu sempre irei nos locais onde eu e minha moto somos bem-vindas, caso contrário, nenhuma de nós irá."


Meu nome? Bom, eu sou a Marinna, com 2 N’s mesmo. Mas pode chamar de qualquer coisa que bem diga eu e a “Monstra”! Sou jornalista, apaixonada por moto e futebol.

Prazer em dividir a minha história com vocês! E quem quiser @mari.protasiewycth é meu insta, só seguir e acompanhar os rolês!

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